CORAÇÃO DE MÃE - ALZIRO ZARUR

DE: ALZIRO ZARUR

A mãe era uma santa, mas o filho
Com amigos seguia errado trilho.
Sofria tanto a pobre criatura
Porque o filho vivia vida impura!


E dizia-lhe: "Filho, sê bonzinho..."
Mas ele: "Já me enfara o teu carinho!"
E saía. E voltava já noite alta.
Chorava a mãe na ausência do peralta.


II

Um dia, uma paixão cruel tirou
Do moço o raciocínio, e o desvairou.
Certa mulher lascivamente o olhara...
Com um simples olhar o escravizara!


Confessa-lhe o infeliz o seu amor,
E escuta, mudo, sem nenhum tremor:
"Eu não creio no amor da Humanidade;
A bondade dos homens é a maldade...


"Mas, se rasgar à sua mãe o peito
E me trouxer seu coração perfeito,
"Então, sim, poderei ser toda sua..."
A noite fria tinha um céu sem lua.


Contempla a velha mãe no leito puro.
Repousa a santa... O desvairado impuro
Rasga-lhe o seio! E em sua horrenda mão
Traz, inda a palpitar, o coração!


Ei-lo a correr, desabaladamente!
Mas, oh! tropeça, e cai pesadamente.
E o coração materno, já esmagado,
Diz apenas ao filho desgraçado,


Como flor que murchou e tombou da haste:
"Ai... filho amado... tu... te machucaste?"






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