A PSICOLOGIA DO TOM DE VOZ: O REFLEXO DA AUTOESTIMA E SEUS IMPACTOS SOCIAIS E NA PRODUTIVIDADE
A PSICOLOGIA DO TOM DE VOZ: O REFLEXO DA AUTOESTIMA E SEUS IMPACTOS SOCIAIS E NA PRODUTIVIDADE
Por Carlos Henrique Musashi - em 11/03/2013
Vamos imaginar umas situações: você está no seu trabalho, tentando se concentrar, ou é um estudante, mas está envolvido em algo que você precisa resolver, e é surpreendido:— “Fulano, chama aí a Chiquinha que eu quero falar com ela!” — diz grasnando forte, desconsiderando totalmente a sua tarefa.Ou então, imagine você às seis horas da manhã, naquele domingo, onde você, finalmente poderia acordar mais tarde, mas lá fora, na calçada, a vizinha que acordou com os galos, enquanto varre a calçada, repassa as primeiras novidades do dia como se estivesse vendendo peixe na feira.Em ambas as situações, no mínimo, você pode se questionar: “esta pessoa realmente precisa fazer isso?”; “Seria ela surda?” — Não, não é... É mais uma criatura mal-educada!
A forma como nos expressamos verbalmente desempenha um papel central em nossas interações cotidianas. A escolha do tom de voz vai além das normas sociais e é uma janela para nossa autoestima, bem como uma força motriz de como nos relacionamos com os outros. Enquanto o renomado psicólogo e psicodramatista Suely Pavan destaca a importância do tom de voz, ampliemos nossa compreensão do tema com insights adicionais de diferentes especialidades.
O Tom de Voz e a Autoestima:
Suely Pavan salienta que o tom de voz alto em momentos inadequados pode refletir uma insegurança subjacente. De acordo com a psicologia comportamental, indivíduos que frequentemente elevam o volume de suas vozes podem estar tentando compensar uma falta de confiança em si mesmos. O grito, nesse contexto, atua como um escudo para esconder a ansiedade e a insegurança.
Psiquiatria e Insegurança:
A psiquiatria também nos fornece insights valiosos sobre a relação entre o tom de voz alto e a insegurança. A insegurança pode ter raízes em questões emocionais mais profundas, como ansiedade social, depressão e transtornos de personalidade. Indivíduos que gritam frequentemente podem estar lidando com esses desafios psicológicos, e o comportamento ruidoso pode ser uma forma de lidar com suas inseguranças.
Impacto na Produtividade e na Saúde Mental:
A relação entre o tom de voz e a produtividade é particularmente relevante em contextos de trabalho e educação. Estudos destacam que ambientes ruidosos podem resultar em uma queda de até 63% na produtividade. Além disso, em locais de venda, o excesso de ruído pode reduzir o consumo em até 28%. Isso indica que o ruído não apenas prejudica o conforto auditivo, mas também afeta os resultados financeiros das empresas e o desempenho de estudantes e colaboradores.
No âmbito da saúde mental, a exposição prolongada ao ruído pode desencadear ou agravar problemas como estresse, distúrbios do sono e até mesmo transtornos psicológicos. Esses impactos estão interconectados, já que a exposição constante ao ruído pode aumentar os níveis de ansiedade, diminuir a concentração e, assim, afetar a produtividade.
A Empatia e a Autoconsciência:
A psicologia comportamental ressalta a importância da empatia e autoconsciência na comunicação. Enquanto frequentemente nos preocupamos apenas com o ruído que nos afeta diretamente, ignoramos como nosso próprio comportamento barulhento influencia os outros. O princípio "não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você" é fundamental para promover uma convivência harmoniosa.
Segurança do Trabalho e Ambientes Silenciosos:
Da perspectiva da segurança do trabalho, a exposição constante a ambientes barulhentos pode representar riscos para a saúde auditiva dos trabalhadores. É fundamental que as empresas adotem medidas de proteção auditiva e promovam locais de trabalho mais silenciosos. A perda auditiva induzida por ruído é um problema crescente, e a prevenção é essencial.
Recursos Humanos e Habilidades de Comunicação:
Os profissionais de recursos humanos podem desempenhar um papel importante na promoção de habilidades de comunicação eficazes. Treinamentos sobre comunicação interpessoal, incluindo o gerenciamento do tom de voz, podem melhorar as interações no ambiente de trabalho. A consciência sobre como nosso comportamento afeta os outros deve ser parte integrante do desenvolvimento profissional.
O "Ato Compensatório" e a Busca por Reconhecimento:
Aqueles que buscam chamar a atenção com comportamentos ruidosos, como o "turbinar" do som em veículos, podem estar agindo em busca de reconhecimento. A psicologia sugere que esse tipo de comportamento é uma tentativa de preencher um vazio emocional e obter atenção. No entanto, isso frequentemente resulta em perturbação para os outros, devido ao impacto do ruído excessivo.
Conclusão: A Importância do Tom de Voz Educado
O tom de voz que escolhemos adotar nas nossas interações diárias é muito mais do que um mero detalhe; é um reflexo da nossa educação, autoestima e, acima de tudo, consideração pelos outros. A psicóloga Suely Pavan destaca que falar alto, sem necessidade, pode ser um indicativo de insegurança, enquanto o uso de um tom de voz apropriado demonstra confiança e maturidade.
Quando optamos por uma comunicação educada e respeitosa, não apenas melhoramos nossa própria imagem, mas também contribuímos para um ambiente mais sadio. A diminuição do ruído desnecessário em escritórios e locais públicos não apenas aumenta a produtividade, como também reduz o estresse e promove um bem-estar geral.
Além disso, a gentileza na comunicação é contagiosa. Quando adotamos um tom de voz educado, incentivamos os outros a fazerem o mesmo, criando um ciclo virtuoso de respeito mútuo e consideração. Em nossa sociedade, onde o ruído excessivo e a agressividade verbal muitas vezes prevalecem, a escolha por um tom de voz calmo e educado é uma poderosa ferramenta para promover mudanças positivas em nosso entorno.
Em última análise, a maneira como nos expressamos pode impactar profundamente o mundo ao nosso redor. Optar por um tom de voz educado não é apenas uma escolha pessoal, mas um ato de responsabilidade social que constrói relacionamentos mais saudáveis e comunidades mais harmoniosas. Portanto, lembremos sempre da importância de falar com educação, pois, ao fazê-lo, estamos construindo um futuro mais amigável e respeitoso para todos.
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Referências Bibliográficas:
CAMPOS, R.H.F. (Org.). Psicologia Social Comunitária. Da solidariedade à autonomia. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
PAVAN, Suely - Dr.ª. [Dra. Suely Pavan, psicóloga e psicodramatista]. Entrevista sobre Comunicação e Autoestima. Disponível em: http://www.pavandesenvolvimento.com.br/. Acesso em: 20.Fev.2012.
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