Entre a Elegância do Sorriso e a Patologia do Exagero: o Barulho que Revela o Vazio




🔸Carlos Henrique Musashi✍️

Existem gestos que revelam mais do que querem esconder. Entre o sorriso e a gaitada, a distância não é apenas sonora — é ética, emocional e, sobretudo, profissional.

O ambiente de trabalho é o palco onde essa diferença se torna gritante, porque ali o som não é apenas som: é desempenho; é postura; é reputação.

E aqui reside o ponto essencial: o excesso é sempre confissão de uma falta.

O exagero — especialmente o exagero artificial — nunca é neutro. Ele denuncia.

🌿 O Sorriso — o território da maturidade silenciosa

O sorriso é o aviso de que alguém está presente consigo mesmo. Não tenta agradar, não tenta ocupar espaço, não precisa convencer ninguém.

É sinal de estabilidade emocional e inteligência social — dois pilares que o setor privado reconhece imediatamente.

  • No setor privado, um sorriso sereno transmite foco, respeito ao ambiente e autocontrole.
  • No setor público, o sorriso pode até passar despercebido — mas também não compromete.

🤝 O Riso — o gesto moderado que aproxima sem invadir

O riso é a fronteira entre espontaneidade e bom senso. Surge quando necessário, recua quando o ambiente exige.

É social na medida exata: aproxima, mas não perturba. É a expressão mais equilibrada entre humanidade e profissionalismo.

🎭 A Gargalhada — legítima, mas que exige geografia

A gargalhada verdadeira tem seu lugar:

  • intervalos
  • conversas leves
  • confraternizações

Fora desse contexto, porém, rompe a harmonia. A gargalhada não é o problema — o problema é quando invade territórios que não a convidaram.

🔊 A Gaitada — a máscara ruidosa que tenta esconder o vazio

A gaitada artificial é outra categoria.

É performática. É estrondosa. É deslocada.

É uma tentativa desesperada de ser percebida — como se a pessoa precisasse validar a própria existência por meio do barulho.

Essa pessoa ri não porque sente, mas porque precisa ser vista. E quando não é vista, sente-se invisível. Daí o exagero.

A gaitada cria uma impressão inequívoca:

  • Falta de autocontrole
  • Falta de foco
  • Falta de entrega
  • Falta de maturidade emocional
  • Falta de noção de ambiente

Na prática, vira a assinatura sonora da incompetência funcional.

🧩 Exemplo Prático: A Funcionária Que Ri Para Existir

Imagine uma funcionária fictícia — chamemos de Marília.

Marília chega, faz social por quarenta minutos, distribui risadas estrondosas no corredor, repete piadas e cria um clima de festa onde deveria haver organização.

Antes das dez da manhã, já consumiu quase uma hora entre café, histórias, interrupções e ruído. À tarde, repete o ciclo.

Entrega? Quase nenhuma. Percepção superficial? “Simpática, querida, agradável.”

Mas Marília raramente atua sozinha.

Ao lado dela, surge Patrícia — a funcionária-eco. Patrícia não origina o barulho, mas o amplifica. Concorda, ri junto, incentiva, valida, e oferece a plateia que Marília precisa.

Patrícia cumpre um papel essencial no ciclo do exagero:

  • Reforça o comportamento ruidoso
  • Legitima a quebra de ambiente
  • Normaliza o que não é normal
  • Abre espaço para o descontrole contínuo

Quando alguém questiona a postura de Marília, Patrícia imediatamente se posiciona. Ambas acionam mecanismos típicos:

  • Vitimização — dizem que estão sendo perseguidas por “serem alegres”.
  • Desvio de foco — transformam um problema profissional em narrativa emocional.
  • Inversão da crítica — acusam quem cobra de ser “mal-humorado”.
  • Proteção mútua — uma defende a outra.

Assim, formam uma dupla funcionalmente problemática:

  • Marília cria o ruído,
  • Patrícia garante que o ruído continue.

E juntas estabelecem uma aliança de improdutividade, apoiadas por:

  • laços de simpatia superficial,
  • discursos emocionais usados como escudo,
  • manipulação narrativa.

No papel, parecem alegres. Na rotina, atrasam, dispersam e prejudicam entregas. E quando cobradas, se colocam como vítimas.

Esse fenômeno é comum em repartições municipais onde vínculos políticos blindam comportamentos que, no setor privado, seriam insustentáveis.

🏢 A Disparidade Entre os Ambientes

✔️ 1. No Setor Privado — o resultado é soberano

Na iniciativa privada, Marília não resistiria ao trimestre.

  • Baixa produtividade
  • Ruído que prejudica o foco alheio
  • Incompatibilidade profissional

No privado, o desempenho fala; o barulho não sustenta carreira.

🏛️ 2. Na Repartição Pública — especialmente municipal

Aqui, Marília pode durar décadas — não por mérito, mas por vínculo político.

O ciclo é previsível:

  • Vínculo com liderança
  • Sensação de blindagem
  • Comportamento inadequado sem correção
  • Social constante para criar “queridismo”
  • Produtividade mínima
  • Vitimização quando cobrada
  • Inversão de culpa

📉 O Impacto Psicológico da Gaitada Sem Controle

O riso exagerado é sintoma, não humor.

  • Medo de silêncio
  • Necessidade extrema de validação
  • Evitação de tarefas
  • Identidade frágil
  • Dependência social

🚫 O Preço Social da Gaitada Artificial

  • Perda de credibilidade
  • Redução de autoridade
  • Desconfiança
  • Imagem profissional danificada
  • Percepção de infantilidade
  • Dificuldade em ser levado a sério

🧭 Reflexão Final

O sorriso é maturidade. O riso é convivência. A gargalhada é emoção verdadeira. Mas a gaitada é alarme.

Ela revela a falta que a pessoa tenta esconder.

Quanto mais barulho, mais vazio expõe.

No fim, o silêncio elegante sempre vence o espetáculo ruidoso.

📌 Sobre o “jeito de ser” e o limite profissional

Muita gente tenta justificar exageros dizendo “é só meu jeito”. Mas o trabalho não é continuação da sala de estar.

Ambientes sérios exigem:

  • produtividade
  • respeito ao coletivo
  • postura profissional

O exagero revela falta de empatia: pressupõe que o ambiente deve se adaptar ao seu desequilíbrio.

⚖️ Base Legal — CLT

Conforme Art. 482 da CLT, configuram justa causa:

  • mau procedimento
  • indisciplina
  • insubordinação
  • desídia
  • atos que perturbem o ambiente laboral

A pessoa que transforma o expediente em palco compromete o ambiente, o coletivo e a entrega.

🎯 Em resumo

A desculpa do “meu jeito” não resiste ao profissionalismo. O barulho que parece espontâneo revela falta de maturidade, respeito e autocontrole.


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