"O bicho puxa-saco", Por Carlos Henrique Musashi
"O bicho puxa-saco"
O Babaovus-Terrestri[1]
é um bicho de interesses, pequeno de alma e covarde de coração. Possui hábitos
peculiares, principalmente quando não chegou onde gostaria, mas matem o mesmo hábito
para se manter ou avançar na posição lograda. No entanto, não consistem, em via
de regra, tais características, pois há entre os tais existem aqueles que, ao
conseguirem ao algum poder de mando, se tornam imediatamente ditadores cara-de-pau,
e geralmente sentem necessidade de ter, por perto, um da mesma classe, ou seja,
alguém que lhes massajei o ego.
Já o bajulador-raiz, sendo leal a sua
“subfunção”, embora fomente puxassaquismo, mas não admite concorrência na bajulação
principal. Sendo bichos zelosos não permite que outros cheguem muito perto da
pessoa ou grupo bajulado por medo de perder seu posto ou posição que não consta
em nenhum edital e nem tem registro no CBO[2],
pois exerce por autofilantropia.
Esse fenômeno acontece recorrentemente
em repartições públicas ou privadas, sendo mais notório entre os indivíduos do
mesmo grupo da Administração Pública direta
ou indireta[3].
Mas também podemos encontrá-los em empresas privadas, igrejas com fins
lucrativos, frequentadores de colunas sociais e entra aqueles que adoram “colar
na elite” em seus eventos sócias/familiares onde desprezem os mais simples, adoram
ser testemunhas oculares de milagres ou de fofocas de coisas que nunca viram ou
se quer aconteceram e nem se que lhes dizem respeito.
Este animal condescendente, embora
adore conforto de bolsos forrados e suas ações cheirem muito mal, mas este
semovente não perece a infraclasse dos marsupiais e nem da ordem dos Didelphimorphia[4].
E por mais que pareça intrigante o bajulador ainda pertence à classe dos homo
sapiens e, diga-se de passagem, estão entre os mais bem sucedidos de uma
província ou estado, nem que seja apenas perifericamente exercendo o ato que
lhes classifica como tal.
Esta criatura, além de ser uma forma
de vida inferior de ações e reações, é do grupo que pratica o “comensalismo
social”, assim como as rêmoras – aqueles peixinhos insignificantes que ficam
agarrados ao tubarão comendo as migalhas sobejadas pelo predador maior. No caso
do puxa-saco as migalhas são de atenção, oriundos do “senso de importância
condicionada”, pois não sabem se sentir importantes quando estão sozinhos,
mesmo que seja apenas na companhia de alguém com que possa se gabar de suas “amizades”.
Este animal medíocre, de tão
abundante espécie, no século XX, antes do ápice dos sites sociais (Facebook e Instagram)
no século XXI, tinham como “habitat” natural as colunas sociais em festa da
alta sociedade, em comícios – sobre ou ao pé do palanque, gabinetes, e de vez
em quando uma mídia (rádio, TV, jornal, revistas), isso quando não viviam dela,
por ela e para ela.
Entretanto, sempre poderemos encontrá-lo
agarrado ao saco de alguém de expressão social e financeira, pois adora tirar
fotos agarrado no pescoço de alguém, mesmo que seja do mesmo sexo, por ter o
objetivo de vida: “sair bem na foto", mesmo que seja como papagaio de
pirata. Os mais calmos desta espécie são mais contidos, não aprecem muito, por
serem mais tímidos, mas basta tomar umas biritas para falar de suas predileções
sociais camufladas com lições de moral.
São capazes de lembrar nome,
sobrenome, título e função de pessoas importantes que acabaram de conhecer e
nunca as esquecem. Quando se lembra das mesmas acrescentam o prefixo “meu
amigo”. (Exemplo: “meu amigo Dr. Fulano
de Tal” + função ou título). Mas parece ser incapazes lembrar seu nome,
mesmo que já conviva com você há anos chamando você de “psiu”, “meninin”, “ei”,
“coisinha” ou outro substantivo/pejorativo. Não que seu nome seja de difícil
pronuncia, mas, comparado o de “pessoas graúdas”, seu nome seja considerado
insignificante, pois você não é alguém que mereça ser bajulado.
O bicho puxa-saco, adora viver à
sombra da fama dos outros, nem que seja de um filho, aderente ou parente
distante, pois além de ser um bicho elitista, às vezes, não tem personalidade
própria, por isso tem que estar atrelado à subserviência para granjear alguma
atenção. Esse ser nunca entra em extinção, pois tem gente que gosta de ter um
desses aos pés por achar isso “in” e não "out".
Essa espécie não é protegida pelo
IBAMA, a não ser que tenha um parente por lá também. No entanto, nem precisa,
pois dizem, figuradamente, que ele tem as “costas largas” embora seja um
tremendo bundão.
Caros leitores, esse bicho é
perigoso, por mais que se mostre inofensivo, simpático e sorridente, pois ele
geralmente é falso. Mas pode se tornar agressivo quando se sinta ameaçado por alguém
de amizade sincera ou que realmente tenha talento útil a uma relação empregatícia
que, por ventura se aproxime de seu bajulado. Nestas situações tal bicho vai
usar de vantagem proximal com valentia e criatividade de um fofoqueiro mor,
embora seja facilmente vencido com a verdade – mesmo que tardia, ao revelar
suas reais intenções, pois a força do bajulador está na sua conversa sempre fiada.
Desmascarado ou não este muda
radicalmente de comportamento e de dono conforme o ambiente, pois é capaz de
trair, de “morder até a mão de quem o
alimentou” para atingir seu objetivo. Até porque hoje ele pode se dizer seu
amigo fiel e a amanhã nem lembra que você existe ou pior. Caso a pessoa tenha
confidenciado algo particular, este não hesitará em revelar confidências como
prova de fidelidade ao novo bajulado.
E por último, afirmo que assim como um
vírus, o puxa-saco é algo nocivo aos mais suscetíveis, atacando com os mesmo
sintomas e características citadas ao longo do texto. Cuidado, livrem-se dos bajuladores,
prefiram pessoas autênticas, que digam o que você necessita ouvir e não o que
você gostaria. Prefira a companhia de gente que preze por sua amizade e não sua
posição social.
Veja também: "Pessoas falsas: como identificá-las e como lidar com elas?"
[1]
Apelido
pseudocientífico atribuído pelo autor, por animus jocandi, ao puxa-saco.
[2]
CBO - Classificação
Brasileira de Ocupações.
[3]
A administração direta é composta pelos órgãos diretamente ligados
aos entes da federação: União, estados, Distrito Federal e municípios. Administração indireta é composta por autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista naturalmente
sujeitos ao controle do Estado.
[4]
Assim como os gambás ou
cassacos.
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